sexta-feira, 17 de agosto de 2012

FANFIC - WITHOUT YOU - CAPÍTULO 5



Título: Whitout You 
Autora(o):
 Juliana Dantas
Contatos: @JuRobsten;
Shipper: Robsten
Gênero:
 Romance, drama
Censura:
 
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Capítulo 5

Fiquei deitada ainda por algum tempo, pensando em como evitá-lo ainda mais.
Mas depois me dei conta de que de nada adiantaria. Eu estava presa ali. A chuva havia recomeçado, o que queria dizer que ainda não podia ir embora.
Desanimada eu me levantei e abri a porta do quarto.
Caminhei pelo corredor e me surpreendi ao ouvi ruma música. Violão.
Alguém estava tocando violão. E só podia ser uma pessoa.
Eu parei por um instante, sentindo toda uma enxurrada de lembrança que eu evitara até ali, me traspassar.
Música tinha este efeito sobre mim. Acho que sobre todas as pessoas.
Mas eu lutei contra aquela perigosa onda de nostalgia que envolvia eu, Rob, um violão e tantas coisas que eu fazia questão de não pensar nunca. Ainda mais agora.
E continuei no caminho.
Rob estava sentado num sofá, compenetrado enquanto tocava e levantou a cabeça ao ouvir meus passos, parando de tocar.
-Você está bem? – ele parecia receoso, distante.
E eu sabia que era uma distância proposital.
Eu também poderia fazer aquilo.
-Estou sim.
-Suas costas…
-Não estão doendo. Sua pomada… acho que resolveu.
-Que bom.
Ficamos num silêncio meio constrangido até que eu dei um passo a frente, apontando para o violão.
-Ainda toca.
Ele deu um risinho.
-Pois é, um morto que toca.
Eu me sentei. Em outro sofá. Bem longe dele.
-Você é um morto que faz muitas coisas.
-Acho que podemos colocar assim.


Eu olhei através dele, para a janela aberta. A chuva caia fracamente.
Encostei a cabeça no sofá, desanimada enquanto Rob continuou tocando.
Não era uma música conhecida pra mim. Mas era boa.
Eu tinha me esquecido como gostava de vê-lo tocar. Podíamos ficar horas assim, apenas ao som da sua música.
Eu parei de repente, irritada com o rumo dos meus pensamentos.
Não. Não podia começar a relembrar aquele tempo.
Era proibido.
Tamborilei os dedos no joelho, mordendo os lábios.
Procurando algum assunto neutro na minha mente, tudo para evitar que ela fosse para caminhos perigosos.
-Então… – comecei – o que você fez nestes três anos?
Ele me fitou sem parar de tocar, mas não falou nada.
-Como um cara morto… Acho que você não devia ficar andando por aí…
Certo, não era um assunto nada neutro, mas havia uma parte de mim que tinha uma curiosidade mórbida de saber o que ele fizera naqueles três anos.
-Claro que eu ando por aí.
-Como ninguém te reconhece? E nem vem me dizer que esta sua barba aí te faz ficar irreconhecível. Isto só acontece em filmes da TV!
Ele riu.
-Você não imagina como nos tornamos incógnitos quando morremos. Você não espera ver alguém que sabe que está morto andando por aí.
-Mesmo sendo famoso? – indaguei incrédula.
-Claro que tem que se tomar certas precauções. Viver aqui por exemplo.
-Neste lugar a esmo?
-Sim.
-E você fica aqui sozinho, sem nunca ver ninguém?
-Eu não disse que não vejo ninguém.
-Você tem, sei lá, amigos?
Ele não respondeu por um instante.
-Amigos é uma palavra relativa.
O que ele queria dizer com aquilo?
-Então você disse que viaja às vezes? E nestas viagens, ninguém te reconhece?
-Não.
-Isto é… muito estranho.
-A vida é estranha.
-E o que você faz no resto do tempo?
Ele deu de ombros e não respondeu.
Parecia perdido nos seus próprios pensamentos.
De repente uma pergunta martelou na minha cabeça.
Minha língua coçou para ir mais além. Ignorando o sinal de alerta dentro da minha cabeça, seguida de um medo estranho na boca do estômago.
Eu queria perguntar se ele se envolvera com alguém. Ou váriosalguéns.
Mas me contive, me levantando de um pulo.
-Acho que parou de chover, vou dar uma volta.
Ele parou de tocar.
-Acho que ainda está chovendo.
-Não, é bem pouco. – eu coloquei o capuz.
Rob fez que ia me seguir.
-Vou com você.
Eu lancei-lhe um olhar mortal e ele parou.
-Não quero que me siga, entendeu? Não sei se percebeu, mas eu pretendo ficar o mais longe possível de você!
Ele recuou, como se minhas palavras o tivessem atingido fisicamente e respirou fundo, derrotado;
-Ok, faça como quiser, – falou friamente – mas fique longe das pedras.
Eu ignorei seu comentário e dei meia volta, saindo para a chuva fina.
Andei sem rumo, evitando as pedras. Não porque ele pedira, mas porque ainda podia sentir minhas costas levemente doloridas do tombo.
Tentei limpar minha mente, voltar ao equilíbrio.
Mas era tão difícil! Cada vez mais eu me sentia mais fraca contra meus pensamentos.
Pensamentos que envolvia Rob e um passado distante.
Se ao menos a maldita chuva parasse!
Mas as nuvens continuavam baixas e escuras.
Irritada, eu dei meia volta e caminhei para a casa.
Ao entrar, Rob não estava mais na sala. Vi o violão num canto e já ia passando para me esconder no quarto antes que ele aparecesse, quando vi umas folhas no sofá. Curiosa, eu me aproximei e peguei.
Mas antes que começasse a ler, Rob apareceu.
-Parece que não caiu desta vez.
Eu larguei as folhas no sofá, vermelha.
-Não, não caí.
Rob aproximou-se e pegou as folhas e guardando-as numa gaveta.
Era impressão minha ou ele estava escondendo-as de mim?
-Está com fome?
Eu sacudi a cabeça afirmativamente. Estava mesmo faminta.
-Então venha comer.
-Eu vou subir pra trocar de roupa.
Minhas roupas estavam úmidas da chuva.
-Podia ter pego uma capa de chuva.
Eu dei de ombros, me afastando.
-Tanto faz.
Ao chegar ao quarto, tirei as roupas molhadas e revirei minha mala.
Meu olhar recaiu sobre um guarda roupa grande que havia ali e eu mordi os lábios, de novo a curiosidade me dominando.
Eu levantei e abri a porta do armário, havia roupas masculinas ali. Roupas de Rob.
Claro, aquele era o quarto dele, só havia um quarto na casa, pelo o que eu percebera.
E eu tive que rir sozinha ao reparar que algumas peças ali eram antigas, da época e que estávamos juntos. Rob e suas roupas velhas.
De novo aquela sensação na boca do estômago. Droga.
Não devia estar fuçando em suas coisas, repreendi a mim mesma e já ia fechando a porta, quando reparei em algo colorido lá dentro.
Olhei mais de perto, puxando o tecido.
Não era uma roupa do Rob.
Era, definitivamente, uma roupa feminina.
Era um vestido.
Por um momento eu não fui capaz de me mexer, e ainda me surpreendi com a dor aguda e insistente no meu peito, quase me impedindo de respirar.
Claro. Só havia um motivo para ter uma roupa feminina perdida por ali. Porque havia, ou ao menos houvera, uma mulher por ali também.
Naquela casa. Naquele quarto.
No quarto do Rob.
Eu soltei o ar lentamente, minhas mãos trêmulas jogaram a roupa dentro do guarda roupa como se queimasse meus dedos e bati a porta em seguida.
Voltei para minha mala e coloquei qualquer roupa, ignorando o nó na minha garganta, a ardência em meus olhos.
Me olhei no espelho antes de descer. Meus cabelos estavam desalinhados sobre a minha pele excessivamente pálida. Passei os dedos rapidamente, desfazendo os nós com fúria e então parei, respirando fundo várias vezes.
Era ridículo.
O que eu esperava?
O que poderia ser pior que toda a mentira que ele inventara? Claro que ele tinha uma outra vida.
Como eu tinha também.
Sentir aquela dor era totalmente sem propósito.
Me obrigando a ficar mais calma, abri a porta e fui para cozinha.
Ele estava lá, com a mesa pronta, me esperando.
Eu me sentei, começando a comer. Mas a comida parecia terra na minha boca.
Mesmo assim eu fingi, sabendo que talvez nada ficasse no meu estômago depois.
Até que desisti e me levantei, ainda em silêncio.
Dei dois passos, mas então não aguentei mais e me virei.
-De quem é o vestido no seu armário?
Ele franziu a testa, como se não entendesse a minha pergunta.
-Vestido?
-Sim, um vestido, uma roupa feminina.
-Oh... – Então ele entendeu – estava fuçando no meu armário?
Droga. Eu fiquei vermelha. Agora ele ia pensar que eu tinha algum interesse em mexer nas suas coisas.
Dei de ombros.
-Olha, esquece. Eu não deveria ter feito isto, foi… sei lá. Um impulso! E também não deveria estar te perguntando de quem é aquele vestido. Não é da minha conta.
Eu dei meia volta para sair dali.
-É de Lizzy.
Eu me virei.
-O quê?
-O vestido. E da minha irmã Lizzy.
Por um momento, o alívio foi tanto que eu não me atentei ao verdadeiro significado de suas palavras. O vestido era da sua irmã. Isto significava que ela estivera ali.
Eu empalideci.
-Lizzy sabia?
Ele agora estava em pé na minha frente e parecia muito contrafeito.
-Sim.
-Sua família... seus pais… eles sabiam? – murmurei horrorizada.
-Sim.
Eu fechei os olhos, sentindo o horror de sua afirmação.
E quando abri, vi tudo vermelho.
-Este tempo inteiro… todos sabiam? – perguntei mal contendo a fúria.
-Somente minha família sabia.
Oh Deus. Oh Deus.
A família dele sabia. Enquanto eu sofria, todo mundo sabia.
Menos eu.
E eu achava que não pudesse haver coisa pior. Eu estava enganada de novo.
-Só eu fui enganada... – murmurei quase sem ar – oh meu Deus, Rob… Como pode?
Ele passou a mão pelos cabelos, dando um passo na minha direção.
-Kristen, eu sinto muito, eu…
-Pára, – levantei a mão – pára.
Eu me afastei quase correndo para o quarto, batendo a porta atrás de mim e desabando sobre a cama.
As lágrimas que eu segurara até agora romperam em soluços no meu peito.
Naquele momento eu me sentia menos que nada.
E eu realmente não fora nada. Não pra Rob.
Ele me descartara pura e simplesmente.
Eu me levantei ainda chorando e comecei a arrumar minha mala de qualquer jeito. Não dava mais pra eu ficar ali.
Já fora o bastante.
Não sabia como eu ia sair dali, mas eu tinha que partir.
De repente a porta se abriu e Rob estava na minha frente.
Eu não levantei o olhar.
-Kristen, onde pensa que vai?
-Embora daqui.
-Não tem como.
-Não interessa.
Com poucas passadas, ele se aproximou e tirou a mochila da minha mão.
-Não vai a lugar algum, precisa me ouvir!
-Eu preciso ficar longe de você! – gritei.
-Eu sei! – ele gritou e eu finalmente o fitei. Ele parecia tão descontrolado quanto eu. – Acha que eu estou aqui por quê?! Por que você precisa ficar longe! Não era pra você estar aqui.
-Claro que não! Você armou esta sua morte bizarra e contou pra sua família e enquanto me deixou sozinha e sofrendo, acreditando que estava realmente morto! Suas roupas velhas tiveram direito a mais consideração! – eu comecei a soluçar ainda mais – Sabe o quanto eu sofri por você? O quanto me custou esquecer e seguir em frente? Meu Deus, sabe quão monstruoso isto é? Como pode fazer isto comigo, eu te amava!
-Amava tanto que não esperou nem um mês pra voltar para o Michael!
Eu dei um passo atrás, surpresa com suas palavras cheias de rancor.
Do que ele estava falando?
-O quê? Como… – eu tentei passar pela névoa em que estavam envoltas minhas lembranças daqueles dias terríveis após sua suposta morte. E sim, Michael estava lá – como sabe do Michael? Como sabe disto? Sua família contou? Eles passavam relatórios sobre mim pra você? – acusei.
-Não. Eu nunca quis saber nada sobre sua vida.
Eu ignorei mais aquele soco.
-Como sabe disto então? Disse que nunca quis saber nada de mim?
-Eu vi.
-O quê?
-Eu os vi, em Los Angeles. Um mês depois.
-Como… você esteve em Los Angeles?
-Sim, eu voltei. Voltei por você.

Continua...

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