sexta-feira, 17 de agosto de 2012

FANFIC - WITHOUT YOU - CAPÍTULO 3

Título: Whitout You 
Autora(o):
 Juliana Dantas
Contatos: @JuRobsten;
Shipper: Robsten
Gênero:
 Romance, drama
Censura:
 NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo


                                                                 Capítulo 3

Quando eu acordei de novo, eu soube onde estava.
Em algum lugar perdido na Irlanda, onde eu encontrara Rob.
Uma estranha calma me dominava. Olhei ao redor. Era um quarto espaçoso, simples e despojado.
A janela estava aberta e era dia.
Curiosa, eu me levantei e olhei para fora
Estava meio escuro e chovia. Tentei ver além da cortina de água. Era verde lá em baixo e ao longe, à direita, havia uma estrada e a esquerda eu prendi o fôlego quando olhei.
Havia um mar infinito e revolto pela chuva.
Eu inclinei o corpo para fora, ignorando a chuva que me molhava, achando os pingos gelados bem vindos.
-Voltou a chover.
Eu saí da chuva e me virei automaticamente ao ouvir sua voz.
Lá estava ele. A mesma barba. Os cabelos desalinhados.
Desta vez eu consegui reparar que ele usava uma camisa xadrez vermelha e uma camiseta cinza clara por baixo e um jeans velho.
Olhei minhas próprias roupas. Sim, ainda eram as mesmas do dia anterior.
Eu as havia molhado possivelmente?
Quer dizer, de alguma maneira eu viera parar ali.
E desmaiara na estrada, sob a chuva.
Mas não me lembrava de estar molhada antes.
-Eu coloquei a capa de chuva em você. – ele disse como se adivinhando meus pensamentos
-Oh… e você… como eu vim parar aqui?
-Eu te carreguei.
-Nós estamos perto então? De onde está meu carro?
-Mais ou menos
-Deve ter sido difícil então, me carregar até aqui.
-Você é bem leve.
Que ótimo era manter a conversa naquele nível.
Como se eu não tivesse falando com meu namorado morto.
Pensar nisto me deixou tensa de novo e me fez lembrar do meu ataque anterior.
-Como está sua mão?
Eu olhei minha mão e havia um curativo ali
Nem precisava perguntar como ele viera parar ali.
Afinal estávamos sozinhos naquele lugar.
Ou não.
-Você está… sozinho aqui? – indaguei
-Sim.
Mais um silêncio cheio de indagações e dúvidas.
A chuva caía lá fora, incessante.
-Quando tempo eu fiquei desacordada? – perguntei
Mais fácil manter a conversa naquele nível.
-A noite inteira e boa parte do dia.
-Já é outro dia? – indaguei surpresa.
-Sim, você apagou.


-Aquilo que você me deu…
-Era algo pra você apagar. Acho que precisava. – ele falou isto meio culpado, mas quem era eu pra discordar?
Eu estava fora de controle.
Não que eu não devesse estar fora de controle.
-Trouxe suas coisas. – apontou para minha mala num canto
-O carro…?
-Ainda está no mesmo local e continua sem pegar. Por isto trouxe sua mala.
-Obrigada.
Deus, quanta formalidade.
Era tão… estranho.
-Rob, eu… Não vou pedir desculpas pelo meu ataque ontem. Acho que deve entender por que. Eu… é muito difícil entender toda esta situação, muito surreal.
-Eu sei. – ele parecia diferente do dia anterior. Ontem ele estava… friamente distante.
Como se realmente não fosse uma pessoa viva.
Mas agora ele parecia… preocupado, pensativo e até mesmo… derrotado.
-De maneira alguma eu quis… que um dia você me visse de novo. Mas já que está aqui. Eu acho que te devo algumas respostas. – ele disse por fim.
-Sim. É o que eu quero. – respondi
-Eu vou deixar você sozinha. Desça quando quiser conversar.
E sem mais ele virou as costas, fechando a porta atrás de si.
Eu ainda fiquei ali no mesmo lugar.
Mas então me movi, um novo ânimo dentro de mim.
Havia um banheiro ali e eu peguei algumas coisas na minha mala e entrei nele, tomando um banho rápido e me vestido quase correndo.
Nem me preocupei em pentear os cabelos quando abri a porta e fui pelo corredor até a cozinha.
Rob estava lá e havia um cheiro de café no ar.
Eu senti meu estômago roncar. Mas sabia que não conseguira comer nada.
Eu precisava de apenas uma coisa: respostas.
Ele me olhou e me mediu, mas desviou o olhar rápido.
-Quer comer?
-Não. – eu me sentei – Eu quero que me explique, sem esconder, porque está fingindo que está morto há três anos.
Ele sentou também. E colocou uma xícara de café a minha frente e um prato com algo que parecia ovos com bacon.
Mas eu não queria comer.
E continuei encarando-o incisivamente.
-Coma.
-Não.
-Kristen, você não come nada desde ontem.
-Não importa.
-Por favor, coma.
-Está me enrolando. Eu quero que fale comigo, eu quero entender, antes que enlouqueça. – falei quase com desespero.
-Eu falei que ia conversar com você.
-Então fala, merda!
-Eu falo depois que você comer.
Certo, agora ele ia me tratar como uma criança birrenta?
Mas que saco!
Por alguns segundos ficamos medindo força.
E eu cedi.
Peguei o garfo e comecei a comer quase furiosamente, até não restar nada no prato.
Então eu o fitei e cruzei os braços em frente ao peito.
-Comece a falar.
Ele passou a mão pelos cabelos, como se pensando no que iria dizer.
-O que quer saber?
Eu ri. Mas não havia o menor traço de humor em mim.
-O que eu quero saber? Comece pelo começo. – falei irônica. – Um belo dia você acordou e decidiu que ia morrer, foi isto?
-Não foi um belo dia. – respondeu com a mesma ironia.
-Como alguém consegue isto? – eu ainda tentava achar o sentido daquilo.
-Quando se toma a decisão, não e difícil conseguir desaparecer. Você não imagina o tanto de pessoas que fazem isto todos os dias. Que desaparecem sem deixar vestígios.
-Oh, agora você vai me dizer que o Michael Jackson não morreu e vive aqui com você!
-Ele não vive aqui, eu só tenho um quarto.
Eu não sei por que estava fazendo piada. Talvez por que por dentro eu tremia.
Eu precisava ouvir tudo. Mas eu temia o que ia ouvir.
-Porque fez isto? Por que… morreu? – perguntei por fim.
-Era a única maneira de eu escapar.
-Você surtou?
-Talvez não seja esta a palavra, mas foi algo assim.
-E quando foi que decidiu morrer?
-No dia em que cheguei à Inglaterra.
-Oh.
Eu me lembrava deste dia.
Nós nos falamos muitas vezes ao telefone.
E nada parecia fora do comum.
Nada parecia indicar que em uma semana ele iria desaparecer pra sempre.
-Eu estava… saturado. Era como se, pra todo lugar que eu me virasse houvesse alguém atrás de mim. Todos os dias, todas as horas, em todos os lugares. Quando eu fui pra Inglaterra, eu achei que seria diferente. Estava indo pra casa. Mas não foi diferente. De alguma maneira… foi pior.
Eu me senti… Invadido. Violentado. Eu cheguei na minha casa e eles continuaram lá fora. A minha espera. Foi algo… terrível. Eu podia aguentá-los em Vancouver, podia aguentá-los em LA. Mas não ali. Ali era onde deveria desaparecer. Mas eu não podia mais. Não havia mais lugar no mundo onde eu pudesse me esconder. Eu fiquei trancado em casa naquele dia, com esperança que se cansassem. Mas quando saí, eles ainda estavam lá, a espreita.
Eu desisti de encontrar meus amigos porque muita gente que eu nunca vi na vida, pensava que me conhecia e me perseguia. Voltei pra casa e fiz aquilo que você fazia. Eu entrei na internet e digitei meu nome. Era como uma curiosidade mórbida. Cada coisa que eu lia, mais enojado e revoltado eu ficava. Tanta coisa passou pela a minha cabeça, mas a mais certa delas era que eu não queria viver assim. Não mais. E foi num destes sites que eu encontrei um artigo, sobre um cara que fazia as pessoas desaparecerem e eles riam como se fosse piada, da minha falta de privacidade e a dificuldade que eu tinha de encontrar um lugar pra me esconder. Eu não sei o que me levou a procurar o telefone deste cara e ligar pra ele. Marcamos um encontro no dia seguinte.
Ele me disse o que fazia e como fazia. E me disse que seria difícil uma pessoa famosa realmente desaparecer, mas que não era impossível.
-E simples assim…? – eu ainda não podia acreditar nas coisas que ele estava me contando.
-Nada foi simples. Eu o dispensei, me dando conta do absurdo da situação. Era uma piada. Eu acho que nem levei a sério. E os dias foram correndo. Até a última noite. Naquele pub. Eu bebi muito e tinha um cara lá. Um maldito paparazzo. E ele veio falar comigo.
E falou coisas tão sujas, e tão verdadeiras. E eu percebi que não tinha como eu voltar atrás. Era tarde demais. – ele parou, como se avaliando o que iria falar e então continuou – E saí daquele pub e bati o carro. Eu me machuquei um pouco e estava realmente mal, por causa da bebida também. E foi um momento de revelação. Eu queria morrer naquele momento. Eu realmente queria desaparecer pra sempre. E liguei para aquele cara e ele veio. E eu morri.

.Era uma história macabra. E eu tinha a impressão que ele contava uma versão resumida. Mas não conseguia ir além, não conseguia imaginar algo que fosse pior que aquilo. E me concentrei nas minhas perguntas.
-Você passou o tempo inteiro aqui? Ninguém nunca desconfiou de nada?
-Eu vim pra cá. Não era Londres, mas eu estava perto. E Irlanda é um bom lugar para desaparecer segundo ele.
-Como ninguém nunca te reconheceu?
-Eu estava morto. Mortos não andam por aí. E veja onde eu moro. Não tem muita gente por aqui. Você pode até ver uma pessoa morta na rua, mas nunca vai achar que é ela realmente. Talvez alguém muito parecido.
-Você nunca vê outras pessoas?
-Claro que vejo. Eu até já viajei algumas vezes.
-E pra onde você vai?
-Qualquer lugar. Alemanha, Austrália, Rússia…
Mas claro. Nunca Estados Unidos. Ou Inglaterra, pensei com amargor.
-Então é esta a história. – ele falava como se eu devesse estar satisfeita por ouvir aquele amontoado de absurdo.
Mas havia ainda uma derradeira pergunta. A mais difícil de todas.
-E quanto a mim?
Sim, porque ele omitira deliberadamente a minha participação naquela história.
-Nós não tínhamos futuro Kristen.
Eu senti a ar me faltar.
-O que?
-Nunca ia dar certo. Mais dia menos dia, ia acabar.
Eu não acreditava no que eu estava ouvindo.
-E como você podia ter tanta certeza? Nós nos beijamos antes de você ir. Você disse que me amava! Eu disse que amava você. E nós prometemos nos ver em 15 dias e… Isto não me parece com algo que está terminando! Não podia pensar realmente assim!
-Eu pensava o tempo inteiro. – confessou
-Oh meu Deus. – eu fechei os olhos, tentando conter a onda de horror dentro de mim.
-Era como uma bomba relógio. Eu não podia nem ficar com você, sem o mundo em cima. Acha mesmo que ia durar? Isto nunca dura Kristen. Eu apenas antecipei o fim. Nós nunca íamos ficar juntos.
Era demais pra mim.
Eu me levantei.
-Aonde vai?
Eu me virei.
-Vou vomitar.
Corri para o banheiro trancando a porta e me debrucei sobre o vaso, vomitando todo o maldito café da manhã que ele me fizera engolir.
Sentia como se tudo de bom que ainda havia dentro de mim estivesse saindo também.
Tudo o que eu conseguira juntar naqueles anos sombrios, o que sobrara de mim depois que ele se fora.
As lembranças que eu tinha de nós dois. Era do que eu vivera por tanto tempo.
E pra que?
Enquanto eu sofria, ele ainda estava por aí, respirando e bem vivo.
Vivendo sua vida de mentiras.
Oh Deus.
“nós nunca íamos ficar juntos”
Suas palavras cruéis reverberavam em mim como facadas no meu peito.
Encostei meu rosto no chão frio.
Quando me contaram que ele tinha morrido, eu achei que não houvesse dor maior no mundo.
Mas havia.
Havia a dor de saber que tudo o que você sofrera fora por nada.
Fora por uma mentira.
Eu não sei quanto tempo eu ainda fiquei ali, estirada no chão.
Não mais chorava. Não havia lágrimas em mim. Havia apenas o vazio.
Depois eu me levantei e abri a porta. A casa estava em silêncio.
Peguei minhas coisas no quarto e juntei tudo de qualquer jeito.
Ainda chovia, mas não me importava.
Precisava sair dali imediatamente.
Ele estava na sala, de costas pra mim, olhando a chuva através da janela.
Eu ainda me permiti olhar para sua figura uma última vez, antes de abrir a porta e sair para a chuva.
-Kristen? – eu o ouvi gritar, mas ignorei, continuei correndo, nem sei pra onde.
Seus passos me alcançaram facilmente
-Você não pode sair assim…
-Eu posso fazer o que eu bem entender, me deixa em paz!
-Kristen, pare com isto, onde pode ir com seu carro quebrado? – ele segurou meu braço.
Eu me virei, enfurecida, puxando o braço com força e minha mochila foi para o chão.
-Tira a mão de mim, você não tem o direito de por a mão em mim!
-Apenas me escute por um segundo…
-Eu posso ir a pé! Contanto que eu esteja bem longe de você!
-Não pode ir a lugar nenhum, mesmo sem carro, há uma ponte quebrada.
-Não me interessa, eu posso ficar na chuva, eu só preciso me livrar de você!
-Eu sei o que está sentindo, mas, por favor…
-Você sabe? Você sabe? Você não sabe de nada! Você estava morto! Morto! Por algum segundo passou pela sua cabeça como é que isto foi pra mim? Você não sabe o quanto eu sofri! O quanto me custou esquecer e seguir em frente. Quanto tempo eu chorei a noite, todas as noite, tanto que minha mãe tinha que dormir comigo? Não! Você não sabe como eu me sinto. Não passa de um bastardo egoísta! E eu preferia mesmo que tivesse morrido! – eu avancei pra cima dele, com os punhos esmurrando seu rosto, seu peito. As lágrimas escorriam por meu rosto e eu queria feri-lo. Eu queria mesmo matá-lo pelo o que tinha feito comigo. Naquele momento nada mais importava.
E ele deixou que eu agredisse, sem fazer nada. Até que esgotada, eu não tivesse mais forças para continuar e meus joelhos cederam, os soluços ficando fraco em meu peito.
E eu não tinha mais forças para impedi-lo de me segurar de novo e me levar pra dentro.
Ele me deitou na cama e eu apenas me virei, chorando.
-Kristen... – ele me chamou
-Vai embora… por favor, vai embora… – pedi fracamente
E ele foi, fechando a porta atrás de si.
Eu chorei até adormecer.
Quando eu acordei já era noite.
A chuva havia cessado, mas um vento frio me fez encolher.
Eu me levantei e saí do quarto.
Rob estava na cozinha e me encarou.
Eu não saberia dizer o que e que se passava pela sua cabeça.
E importava?
Naquele momento não;
Nada importava. Eu estava amortecida.
Vencida.
Eu tinha que continuar pensando como antes de chegar ali. Ele estava morto.
E não era de todo uma inverdade.
O Rob que eu conhecera havia mesmo morrido. Há três anos.
Aquele era apenas um estranho.
E que com certeza devia estar odiando minha presença ali.
Estragando seu mundo de faz de conta.
-Preciso ir embora daqui. – falei calmamente – Assim você volta pra sua… vida.
-Não pode.
-O que?
-As estradas estão intransitáveis com a chuva, uma ponte realmente caiu…
Eu respirei fundo. Aquilo não era justo.
-Quando poderei ir?
-Não sei.
-Por acaso há algum hotel perto daqui, ou algo parecido?
-Estamos a quilômetros da cidade mais próxima, e ela fica depois da ponte, de qualquer maneira.
-Então estou presa aqui com você? – eu sentia meu estômago revirar só de pensar naquilo.
-Parece que sim.

Continua...

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